Esta foi um semana fraca no que a novas edições se refere, por isso nada como tomar atenção ao que vai surgindo e de repente surge algo que merece toda a nossa consideração. Este, é um disco para todas as idades. Dito assim pode parecer até estupido, mas se formos inteligentes e contextualizar-mos a referência rock\idade, então aí a coisa fica mais esclarecida. O rock é para todas as idades, mas eu creio numa evolução do indivíduo em que tudo tem o seu lugar e a sua hora; e se a infância é para a rua sésamo, a transição para a fase seguinte deve de ser primeiro feita com muita musica clássica para que logo de seguida se perceba o porquê do que vem a seguir. mas isto sou eu, e nem todos somos iguais e uns individuos amadurecem mais depressa do que outros e por isso fica ao vosso critério julgarem com a maior imparcialidade a vossa mutação cultural e moral ao longo da vossa vida.
Posto isto, que já é demais, falê-mos do que realmente importa. 1982! nos estados unidos a febre do heavy era tão contagiante que do outro lado do atlântico surgiam bandas que eram capazes de terem o seu espaço e serem reconhecidas à escala planetária. Onde Quiet Riot, Twisted Sister, Van Halen entre muitos outros, abriam as portas desse novo universo musical, bandas como Thin Lizzy, Whitesnake, Def Leppard, entre outros aproveitavam essa oportunidade e conseguiam singrar entrando por essa mesma porta. E não é de estranhar que os germânicos Scorpions também o tenham conseguido, aliás, foram mais bem sucedidos por terras do tio Sam do que na sua terra natal. Não sei se estes dados estarão correctos mas 8 discos de platina nos USA, para 1 na alemanha diz tudo.
Blackout foi um dos discos mais rockers dos Scorpions. depois de Animal Magnetism que atirou Klaus Meine para fora do mundo do rock devido a nódulos na sua garganta e deixou a banda 2 anos sem editar nada; (e foi aqui nesta época que Don Dokken quase substituiu permanetemente Klaus, ainda assim todos os backing bocals neste Blackout são dele); dizia eu que depois do estrondoso sucesso de The Zoo, o tema de maior sucesso da banda por aqueles dias, que a fasquia não podia baixar. Surgem então com mais força do que nunca, e com um Klaus completamente recuperado, depois de uma bem sucedida cirurgia, e ainda mais potente, entregam temas como Blackout, Can't live without you e Dinamite para demonstrar o poderio rocker do quinteto teutónico. Nesta altura começava a desenhar-se um formato que daí a um par de anos se tornaria na revolução musical mais importante de sempre, o Glam\hair metal; e se atentarem bem nestes temas, poderão concluir que Scorpions foram uma influência importante nessa renovação do rock pesado.
Neste disco a preponderância para temas de grandes arenas ou estádios é por demais evidente. Este Blackout já merecia um tratamento assim, uma remasterização tão bem feita que parece que estamos num estádio com largos milhares de fanáticos a levar o nosso entusiasmo ao extremo. E o que dizer da capa? Uma afirmação demonstradora de que a força do rock já não estava prisioneira das imposições politicas e ou sociais, a libertação fosse de que situação fosse já não tinha retorno, era a liberdade total. Não foi tão polémica como a capa de Lovedrive, mas ainda assim diz muito mais do que se pode imaginar.
Sou um apreciador confesso destes Scorpions. Não na totalidade da sua carreira mas pelo menos desde Lovedrive até Face The Heat. Quanto à primeira parte da sua carreira, apesar de já a ter ouvido toda, talvez ainda não tenha chegado o tempo de apreciar nas melhores condições essa fase mais clássica, ainda estou muito chegado ao metal melódico e potente, sinfónico e expansivo, talvez mais à frente. No que se refere a Pure Instinct e subsequentes edições, achei-as demasiado açucaradas e sem a força rocker dos 15 anos anteriores, e claro, apesar de sempre adquirir e ouvir cada nova edição, acabam por ficar assimiladas e esquecidas muito rápidamente. Se bem perceberam por estas minhas palavras, gostar de Scorpions não é para mim um questão nostálgica, é mesmo de impacto, força, necessidade de oxigénio para viver, coisa que só encontro em discos como Animal Magnetism, Blackout, Love At First Sting etc... Por isso é mais do que natural de que o mesmo se passe com muitos (milhões) de vós, e uma edição como esta é demasiado importante para não se lhe dar destaque e atenção.
Um disco essencial, seja remasterizado ou original, todos devem de ter bem presente obras como esta, independentemente da banda que as editou, porque são elas as peças basilares e estruturais do rock moderno como hoje o conhece-mos, e até hoje continua dificil de conseguir um conjunto homogéneo de obras que tenham o mesmo impacto e força libertadora que estas têm. Mandatório!!!!
McLeod Falou!