quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Cyanide - 21 Gun Salute (2025) USA

21 Gun Salute, o novo álbum da banda americana de Hard Rock Cyanide, lançado em 2025 pela Kivel Records, é uma homenagem descarada e bombástica à era dourada do Hair Metal e do Rock Melódico do final dos anos 80 e início dos anos 90.

Para os fãs do género que sentem falta dos hinos de estádio, dos refrães gigantescos e da produção polida, este álbum serve como um regresso bem-vindo a uma época em que o Rock & Roll tinha a sua dose de glam.

O Som: Hinos para o Exército do Rock & Roll

O álbum não tenta reinventar a roda; em vez disso, celebra e executa com competência os pilares do Hard Rock de Los Angeles e do Metal Melódico.

Hard Rock Padrão Ouro: As canções são construídas em torno de riffs poderosos, leads de guitarra virtuosos e refrães projetados para serem cantados por grandes multidões. O Cyanide toca um Hard Rock que é simultaneamente potente e melódico.

Produção Limpa e Enérgica: A produção (típica do selo Kivel Records, especialista no género) é nítida e enérgica, dando espaço para que as guitarras de Rikki Sterling e Larry Cassiano se destaquem, seja com riffs agressivos ou solos harmonizados.

Vocais Marcantes: O vocalista Rob Hussey é o centro das atenções, entregando as linhas vocais com a atitude e o alcance exigidos pelo género, dominando as baladas e os rockers de ritmo acelerado.


Destaques das Faixas

A lista de faixas mostra uma banda que sabe exatamente o que o seu público espera, com títulos que refletem a atitude e o espírito do Hair Metal.

"21 Gun Salute" (Título): O tema-título é um hino cativante de Hard Rock, servindo como a sua "saudação" à velha escola. É uma peça central que encapsula o som do álbum.

"Fireball" e "Social Media Disease" (com Oz Fox dos Stryper): A inclusão de convidados como Oz Fox (Stryper) e Jeff Duncan (Armored Saint) em faixas como "Fireball" e "Social Media Disease" reforça as credenciais heavy/glam do álbum. Estes rockers de ritmo elevado oferecem a dose de agressividade e virtuosismo que os fãs do Heavy Metal Melódico apreciam.

"Sweet Little Trash" e "Slip N Slide": Estas faixas tendem a oferecer o groove e o lirismo mais sleazy e festivo, reminiscente de bandas como Mötley Crüe ou Warrant.

"I Love You": Todos os grandes álbuns de Hair Metal precisam de uma power ballad sólida, e o Cyanide provavelmente entregou a sua com esta faixa de encerramento, demonstrando a capacidade da banda de injetar emoção nas suas composições.


O Veredicto

21 Gun Salute dos Cyanide é um álbum que existe para servir uma base de fãs muito específica: aqueles que anseiam pelo Hard Rock dos anos 80, puro e sem remorsos. A banda não inova, mas executa o estilo com excelência e convicção.

É um álbum para ser tocado alto, seja a conduzir ou numa festa. É uma dose de adrenalina nostálgica que prova que, no que toca ao Hard Rock Melódico, ainda há vida para além do Grunge.


Recomendado para: Fãs de Mötley Crüe, Danger Danger, Giant, Warrant e colecionadores do selo Kivel Records. É uma adição sólida à estante de qualquer aficionado por Hard Rock Melódico.

amazon   Cyanide - 21 Gun Salute

Preacher Stone - By The Horns (2025) USA

By The Horns, o mais recente álbum da banda de Southern/Classic Rock Preacher Stone, oriunda de Charlotte, Carolina do Norte (EUA), lançado em 2025, é um trabalho forjado na adversidade e entregue com uma honestidade de coração. O álbum sucede a V (2024), e, após a perda de um membro importante, a banda optou por seguir em frente com um som mais enxuto e direcionado pela guitarra, resultando num dos seus trabalhos mais fortes e vitais.

O Som: Rock Sulista, Direto e com Coração

Com apenas nove faixas e pouco mais de trinta e dois minutos, By The Horns é descrito como um triunfo "sem enchimento e só matador" (no-filler, all-killer). É uma masterclass em como fazer um álbum de rock clássico perfeitamente ritmado.

Foco no Riff: O álbum carrega a marca registada do Rock Sulista, mas com um foco renovado nas guitarras duelantes de Ben Robinson e Darrell Whit. A sonoridade é menos polida e mais suja e gritty, o que evoca o espírito de bandas como Lynyrd Skynyrd e Black Star Riders.

Vocal "Encharcado em Bourbon": A voz de Ronnie Riddle é um destaque constante, descrita como "gasta pelo uísque, mas com alma e garra". O seu estilo vocal, que combina o gravel com uma entrega calorosa, é o anfitrião perfeito para as histórias de "homem comum" da banda.

Ritmo Trovoador: A secção rítmica, com Jim Bolt no baixo e Josh Wyatt na bateria, é sólida e poderosa. Eles fornecem a batida forte e o groove necessários para sustentar as canções, sem nunca sobrecarregar os outros instrumentos.


Destaques das Faixas

"By The Horns" (Título): O abre-alas que arranca com um rugido, carregado de um riff matador e um refrão irresistível. Um hino boot-stomping que estabelece imediatamente o tom do álbum.

"Saddled And Rode": Uma faixa de alta octanagem que conjura a sensação de uma noite num bar enfumaçado, com muita atitude e solos de guitarra abrasadores que são uma marca registada da banda.

"The Devil You Know": Uma faixa com um groove mais profundo, remetendo aos Black Star Riders. É um "peso pesado" foot-stomping com um riff infeccioso e um cocky ritmo funk-rock que se encaixa perfeitamente na reputação da banda.

"Blessing And A Curse": Esta faixa mergulha em território bluesy, com ecos de bandas como os Bad Company, destacando o vocal soulful de Riddle.

"Think By Now": A faixa de encerramento é um rocker suado no estilo AC/DC, mas com um refrão melódico que quase rouba o espetáculo no final, terminando o álbum em alta.


O Veredito

By The Horns é uma prova da resiliência e da pura qualidade do Preacher Stone. Nascido da tristeza, mas transbordante de vitalidade, é um trabalho catártico e de afirmação da vida. A banda conseguiu, com a mudança de foco para um som mais orientado para a guitarra, subir a fasquia estabelecida pelo aclamado V.

O álbum é puro Southern Rock da velha guarda, rico em qualidade e boogie, que permite ao ouvinte "imersão e desligamento" do mundo, sem sacrificar a complexidade musical. Não é apenas bom Rock Sulista; é um excelente Rock Americano com coração, alma e grandes histórias.


Recomendado para: Fãs de Lynyrd Skynyrd, Black Stone Cherry, Blackberry Smoke e qualquer pessoa que aprecie um Classic Rock com groove e integridade. É um álbum para se ouvir repetidamente.

The Southern River Band - Easier Said Than Done (2025) Austrália

Easier Said Than Done, o quarto álbum de estúdio dos rockers australianos The Southern River Band (TSRB), lançado a 17 de outubro de 2025 pela Civilians, é um trabalho gloriosamente cru, suado e totalmente descomprometido com as tendências modernas.

A banda de Perth solidifica o seu lugar como uma das melhores exportações de Rock & Roll da Austrália, entregando um álbum que é a essência do pub rock australiano e do classic rock americano dos anos 70 e 80.

O Som: Rock de Estádio com Boogie de Bar

O álbum, produzido pelo conceituado Nick DiDia (conhecido por trabalhar com Pearl Jam e Bruce Springsteen) e gravado ao vivo em estúdio em Byron Bay, capta pela primeira vez a energia inigualável que o TSRB exibe nos seus espetáculos.

Puro Rock & Roll: O álbum é um soco de 12 faixas que percorre a bravata do pub rock e a arrogância do glam-rock. Não há truques nem produção artificial; é guitarrada, groove e crueza, tal como o rock & roll deve ser.

Influências Clássicas: Os TSRB não escondem as suas influências, transformando-as numa "brilhante colagem musical":

Harmonias de Guitarra: Muitas faixas apresentam as famosas harmonias de guitarra no estilo Thin Lizzy, especialmente em canções como "One Last Dance".

O Boogie Australiano: O álbum tem a vibração e a pulsação do AC/DC e dos The Angels nos seus riffs mais diretos, juntamente com o boogie dos The Rolling Stones em faixas como "Bad Luck Baby, Bye Bye".

O Sleaze Americano: Há um toque de sleaze no estilo Aerosmith e The Black Crowes no Hard Rock com blues de "Suits Me Just Fine".

O Tuga Carismático: O vocalista Cal Kramer, com a sua atitude e o seu mullet icónico, lidera a banda com um rosnado e um sorriso. O seu canto, complementado pelo seu banter australiano bem-humorado, é a alma do álbum.


Destaques da Composição:


"Fuck You, Pay Me": Um hino de classe trabalhadora, duro e direto, que cumpre exatamente o que o título promete.

"Don't Take It To Heart": A abertura que arranca a toda a velocidade e estabelece o ritmo consistente do álbum.

"No Such Time": Uma faixa surpreendente, oferecida por ninguém menos que Bernard Fanning (Powderfinger). É um earworm melódico cheio de groove que se encaixa perfeitamente no ADN da banda.

"One Of These Nights (I'll Be Gone)": O encerramento do álbum, que mostra uma ternura inesperada. É uma balada mais suave e reflexiva, com toques de country, provando que a banda tem profundidade por baixo da bravata.


O Veredicto

Easier Said Than Done é um lembrete forte de que o verdadeiro rock & roll está vivo e a prosperar, feito com alma, suor e alguns palavrões. Embora alguns críticos considerem o som previsível (o que é inerente ao género), é uma previsibilidade que agrada, pois evoca o melhor da música rock das últimas décadas.

Para quem sente falta daquele som autêntico que parece ter saído de um amplificador Marshall a ferver num pub, este álbum é uma audição obrigatória.


Veredicto Final: Uma odisseia de Rock & Roll que deve ser ouvida alto. E depois ainda mais alto. Os TSRB estão a voar a bandeira do rock australiano a uma escala global e este álbum é o seu manifesto.

Recomendado para: Fãs de AC/DC, Thin Lizzy, The Black Crowes, The Darkness e para quem adora a energia do pub rock ao vivo.

amazon  The Southern River Band - Easier Said Than Done 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Human Fortress - Stronghold (2025) Alemanha

Stronghold, o oitavo álbum de estúdio dos veteranos do Epic Power Metal alemão Human Fortress, lançado a 17 de outubro de 2025 pela Massacre Records, marca um ponto de viragem e um regresso triunfante para a banda.

Após o seu último álbum de estúdio, Reign of Gold (2019), o Stronghold apresenta-se como um trabalho mais direto e agressivo, resultante de uma mudança crucial na sua formação: a ausência de um tecladista a tempo inteiro levou a banda a concentrar-se mais no essencial.

O Som: Mais Pesado, Mais Épico, Menos Sinfónico
O álbum foi produzido pela própria banda e misturado e masterizado pelo famoso Alexander Krull (Atrocity, Leaves' Eyes), o que lhe confere um som potente e polido.

Domínio da Guitarra: A ausência proeminente dos teclados (que historicamente davam ao Human Fortress o seu toque sinfónico) permitiu que os guitarristas Todd Wolf e Volker Trost assumissem o controlo total. O resultado é um som mais agressivo e focado no riff, com mais peso do que os seus antecessores. A essência do Epic Heavy Metal está mais forte do que nunca, com riffs crunchy e linhas melódicas superiores.

Vocais de Mestre: O vocalista brasileiro Gus Monsanto (ex-Tears of Anger, ex-Revolution Renaissance) está impecável. A sua voz está um pouco mais distante do agudo típico do Power Metal, assemelhando-se a uma mistura entre o registo de D.C. Cooper e Ralf Scheepers. Monsanto entrega uma performance forte e comovente, encaixando-se perfeitamente nos temas mais sombrios do álbum.

Temas Sombrios e Profundos: Liricamente, o Stronghold explora o lado mais sombrio do ser humano, abordando a dor, a redenção e "o abismo da alma humana", o que complementa a sonoridade mais pesada.


Destaques das Faixas

"Stronghold" (Título): Uma abertura típica do Euro-Power Metal, cativante, melódica e com o tema principal reconfortante que os fãs esperam.

"The Abyss of Our Souls" (Single): Considerada uma "bomba épica para o ouvido", esta faixa de Metal Melódico capta a intensidade emocional e a narrativa dramática do álbum. É descrita como tendo um chorus que "não sai da cabeça".

"Pain" e "Silent Scream": Estas faixas tendem para um lado mais obscuro e pesado, fazendo lembrar bandas como os Mob Rules, enquanto outras como "Road to Nowhere" trazem um toque Hard Rock mais catchy.

"Mesh of Lies": Uma das faixas de destaque, com uma abundância de interação melódica de guitarra e uma bateria vigorosa, que mostra a banda no auge da sua forma.


O Veredicto

Stronghold é um baluarte sónico que equilibra a agressão moderna com o Metal clássico. Não reinventa a roda, mas cumpre o que promete: Power Metal melódico, épico e bombástico da mais alta qualidade alemã.

Para os fãs de longa data, a redução dos elementos sinfónicos poderá ser uma surpresa, mas a ênfase renovada nos riffs e a produção poderosa resultam num dos trabalhos mais firmes e coesos da sua carreira recente. O álbum reafirma o estatuto do Human Fortress como uma instituição respeitada do Epic Metal alemão.


Recomendado para: Fãs de bandas como Orden Ogan, Mob Rules, Kamelot (primeira era) e Helloween. Um álbum essencial para quem procura Power Metal pesado e catchy.

amazon Human Fortress - Stronghold

Sintage - Unbound Triumph (2025) Alemanha

Unbound Triumph, o segundo álbum completo dos alemães Sintage, lançado a 17 de outubro de 2025 pela High Roller Records, é uma injeção de adrenalina pura para os fãs do Heavy Metal e Speed Metal tradicional. A banda de Leipzig afirma-se como um dos nomes mais promissores da Nova Onda do Thrash/Heavy Metal Tradicional (NWOTHM), transportando o ouvinte diretamente para o ano de 1985, mas com a produção polida e a precisão técnica de 2025.

O Som: Metal Clássico com Harmonias em Dobro

A maior evolução neste álbum é a adição de um segundo guitarrista, Chili, que permite aos Sintage expandir a sua paleta sonora. O resultado são guitarras duplas harmonizadas que brilham com força e emoção, lembrando a complexidade instrumental de heróis dos anos 80 como Iron Maiden e, por vezes, a precisão melódica de guitarristas como Marty Friedman.

Riffs Crocantes e Velocidade: O álbum está repleto de riffs cortantes e ritmos incansáveis que se movem entre o Heavy Metal clássico e o Speed Metal feroz. Faixas como "Ramming Speed" (cujo nome é uma declaração de intenções) e "Cutting the Stars" são explosões poderosas que cumprem a missão de fazer o headbanging inevitável.

Dinâmica e Melodia: Ao contrário do seu álbum de estreia mais agressivo, Paralyzing Chains (2023), Unbound Triumph oferece mais variedade e desenvolve as habilidades de composição da banda.

"Electric Walls" e "Beyond the Thunderdome" (uma referência clara a Mad Max) são mid-tempos mais pesados, com mudanças de ritmo precisas e arranjos de riffs de alto nível.

A balada "Silent Tears" é uma demonstração de habilidades de composição mais profundas, mostrando um lado progressivo e emocional.


Voz Clássica (e Crua): A performance do vocalista Randy é forte, alcançando agudos com poder e moldando uma voz que, com o uso de reverb, capta a tonalidade crua e raw dos anos 80. Embora a mistura vocal possa ser ligeiramente irregular em alguns momentos, isso apenas realça o som autêntico da época.

O Épico no Final: O álbum fecha com "One With the Wind", uma das faixas mais longas, que começa com velocidade e culmina num outro épico, mostrando que a banda começa a explorar territórios mais ambiciosos do Epic Metal.


O Veredicto

Unbound Triumph é o som de uma banda jovem que domina as armas do Metal Clássico e as aprimora para o século XXI. É um álbum que pega no ouvinte pelo pescoço e o arrasta, sem pedir desculpas. A dedicação da Sintage à escola do Heavy Metal e Speed Metal dos anos 80 é contagiante e evidente em cada riff.

Se procuras um álbum de metal que te faça querer pegar numa guitarra aérea, aumentar o volume ao máximo e sentir a força da nostalgia (com o bónus da execução moderna), Unbound Triumph é o teu bilhete. Coloca um sorriso no rosto de qualquer headbanger.


Nota: 8.2/10. 

É uma laje estrondosa de aço puro.

amazon  Sintage - unbound triumph 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Sabaton - Legends (2025) Suécia

Legends, o 11º álbum de estúdio da banda sueca Sabaton, lançado a 17 de outubro de 2025, é uma poderosa reafirmação da sua fórmula vencedora de Power Metal. Após dois álbuns focados exclusivamente na Primeira Guerra Mundial (The Great War e The War to End All Wars), Legends alarga o seu campo de batalha, explorando figuras históricas icónicas de vários séculos.

O Conceito: Uma Galeria de Personagens

A principal mudança em Legends é o seu foco lírico: em vez de se concentrarem num único conflito ou evento, a banda celebra 11 figuras históricas — guerreiros, reis, estrategistas e revolucionários — transformando as suas biografias em hinos de batalha cinematográficos.

O álbum viaja desde os Templários (Templars), passando pelo estrategista cartaginês Aníbal (Lightning at the Gates), o conquistador mongol Genghis Khan (Hordes of Khan), o imperador Napoleão Bonaparte (I, Emperor), o duelista japonês Miyamoto Musashi (The Duelist), a heroína francesa Joana D'Arc (Maid of Steel) e até o rei sueco Gustavo Adolfo (Till Seger).

A Música: Power Metal de Marca Registada
Musicalmente, Legends é Sabaton na sua forma mais pura e pomposa, mas com uma produção ligeiramente mais nítida e cinematográfica.

Fórmula Intacta: A banda não se afasta do seu modelo de sucesso. O álbum é um arsenal de coros de hinos estrondosos, riffs diretos, solos rápidos e a bateria marcial de Hannes Van Dahl. É feito para ser cantado em arenas.

Voz e Melodia: A voz de barítono de Joakim Brodén (também vocalista) é inconfundível. As melodias são fortes e imediatamente reconhecíveis, com um equilíbrio deliberado de metal e arranjos orquestrais.

Destaques da Composição: É notável que este seja o primeiro álbum onde todos os membros contribuíram para o processo de composição, o que poderá ter ajudado a variar ligeiramente o som dentro dos limites da banda.


Pontos Altos:


"Templars": Um hino clássico de Sabaton, com coros Viking viking-like que abrem caminho para Valhalla.

"Impaler": Uma faixa mais pesada e ameaçadora, que alguns críticos comparam ao peso de "Kashmir" dos Led Zeppelin.

"I, Emperor": Uma canção punchy, poderosa e muito catchy sobre Napoleão, que foi muito pedida pelos fãs.

"Till Seger": O encerramento, cantado em sueco, é um toque agradável que regressa às raízes da banda, com a inclusão de um órgão grandioso.


O Veredicto

Legends não é o álbum que reinventa os Sabaton, nem o álbum que traz profundidade a temas já por si óbvios (Júlio César, Napoleão). No entanto, para os fãs da banda, é uma coleção de hinos absolutamente gloriosos que expande o seu "universo cinematográfico de batalha" para um escopo mais vasto, longe das trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

Este álbum é para ser apreciado pelo seu poder inabalável, os seus coros triunfantes e o seu espírito divertido, que trata o derramamento de sangue histórico com um entusiasmo grandioso. É um Power Metal de peito aberto, sem subtilezas, que apenas quer que o ouvinte balance a cabeça e levante os punhos.


Nota: 8.5/10


Recomendado para: Fãs de Power Metal épico, Iron Maiden, e qualquer pessoa que procure um álbum que soe como uma banda sonora de filme de guerra de grande orçamento.

amazon  sabaton - legends 

Battle Beast - Steelbound (2025) Finlândia


Steelbound, o sétimo álbum de estúdio dos finlandeses Battle Beast, lançado a 17 de outubro de 2025 pela Nuclear Blast, é uma continuação inabalável da fórmula que a banda tem vindo a aperfeiçoar: Power Metal exagerado, melódico e sem desculpas, com um toque de Pop e Disco Music.

Sob a liderança da vocalista Noora Louhimo (cuja voz poderosa continua a ser a força motriz inconfundível da banda) e do produtor/tecladista Janne Björkroth, Steelbound é um álbum de Rock de "bom-humor", feito para afastar a tristeza e levantar os punhos em uníssono.

O Som: ABBA com Couro e Correntes

Battle Beast nunca teve medo de injetar melodias pop cativantes e ganchos inegáveis no seu heavy metal. Em Steelbound, eles levam esta mistura a novas alturas, resultando num som que os críticos descrevem, de forma divertida, como "ABBA a vestir ganga e couro".

Power Pop Metal: O álbum é dominado por faixas que são simultaneamente heavy e dançáveis. O teclado de Janne Björkroth assume frequentemente o papel principal, e os coros são construídos para explodir no palco, resultando numa energia que é party hard e sincera.

A Voz de Louhimo: A voz de Noora Louhimo é o seu trunfo mais forte. A sua entrega é intensa, poderosa e cheia de atitude, capaz de ir de um grito agressivo a uma melodia sonhadora, mantendo-se consistentemente no auge.

Produção: A produção é nítida, moderna e cheia de pressão, cortesia de Janne Björkroth. Embora alguns puristas do metal possam criticar a falta de peso nas guitarras em certas secções (onde os teclados dominam), o som é inegavelmente "grande" e feito para as arenas.


Destaques das Faixas

O álbum é notavelmente conciso, com pouco mais de 37 minutos, mantendo o ímpeto do início ao fim.

"Steelbound" (Título): Descrita por Janne Björkroth como "pesada e leve ao mesmo tempo", a faixa-título é um hino trovejante de resistência e resiliência. É cativante e irrecusível, casando a intensidade metálica com um ritmo contagiante.

"Twilight Cabaret": A faixa mais peculiar do álbum. Injeta elementos de Samba e Boney M, com uma batida quase caribenha. É extremamente divertida e diferente para a banda, provando que Battle Beast não tem medo de surpreender e abraçar o lado "circo" da sua música.

"Here We Are" / "Last Goodbye": Hinos poderosos e emocionais que celebram a resiliência e o espírito de luta. "Last Goodbye" é uma homenagem à força humana, feita para fazer 100.000 punhos bombear no ar.

"Riders Of The Storm": Uma faixa incrivelmente cativante, com uma energia "goofy" que lembra temas mais antigos da banda, como "Bastard Son Of Odin".

"Blood Of Heroes": Apresenta uma sensação quase "pirata" no riff principal, mas rapidamente se transforma num grande refrão típico de Battle Beast.


O Veredicto

Steelbound é a prova de que Battle Beast continua a crescer, misturando os melhores elementos dos seus álbuns anteriores (Bringer of Pain, No More Hollywood Endings e Circus of Doom) com ideias novas e ainda mais ousadas.

A banda não está a reinventar a roda do Power Metal, mas está a aperfeiçoar um subgénero próprio: o Power Metal de Festa e Bom-Humor. Embora a mistura pop e metal possa ser divisiva, para quem aprecia o gênero, o álbum é inegavelmente divertido e irresistível, feito com uma confiança contagiante.


NOTA: 7.8/10  

É um álbum que repele a tristeza, cheio de ganchos memoráveis, para fãs de Nightwish, Within Temptation e Epica, que não têm medo de dançar.

amazon   Battle Beast - Steelbound 

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Andy And The Rockets - Casino (2025) Suécia

Andy And The Rockets regressam com Casino, um álbum que não só cimenta o seu lugar no florescente cenário do Rock Melódico Escandinavo (Scandi-Rock) mas que também se destaca como uma das melhores ofertas do género em 2025. O quarteto sueco, liderado pelo vocalista Andreas Forslund ("Andy"), entrega um disco de 12 faixas que é puro melodia, energia e poder de refrão - o tipo de rock feito para grandes palcos.

O Som: Hard Rock Melódico de Classe Mundial

Se o seu álbum anterior, Incognito (2023), foi um ponto de viragem para uma abordagem mais moderna, Casino é a culminação dessa evolução. O som é caracterizado por uma produção extremamente polida e "brilhante" (cortesia de Erik Mårtensson, dos Eclipse), que confere aos riffs e aos refrões uma força e clareza excepcionais.

A banda mistura influências de Hard Rock Clássico (AC/DC, Guns N' Roses), com a sensibilidade melódica inerente ao Rock Escandinavo (Eclipse, H.E.A.T., Treat) e um toque moderno, por vezes remetendo para o Hard Rock Alternativo (Nickelback, Daughtry).

Energia e Dinâmica: O álbum irradia energia e soa como se a banda estivesse a tocar ao vivo. As guitarras são poderosas, a secção rítmica (Filip Westgärds no baixo e Max Marcusson na bateria) é implacável e o uso de amplificadores "reais" (em vez de emulações digitais) confere um calor autêntico.

O Fator Refrão: A marca mais forte do álbum são os refrões explosivos e fáceis de cantar. A capacidade sueca para a melodia está em plena exibição, garantindo que a maioria das faixas se tornem earworms.

Destaques das Faixas

"I'm Alive!": A faixa de abertura é uma fatia de puro Scandi-Rock de alta voltagem. É positiva, cheia de adrenalina e estabelece o ritmo acelerado do álbum, com um toque de riffage à Treat.

"Your Touch Is Too Much": Um rock and roll mais "sujo" e feito para as rádios, com um hook tão grande que é praticamente impossível resistir.

"I'll Die If You're Done": A principal power ballad do álbum, emotiva, grandiosa e lindamente arranjada. É uma das faixas favoritas da própria banda, com grande paixão na performance vocal e excelentes solos de guitarra.

"Cyanide": Outro hino bombástico. Começa mais temperamental e rapidamente explode no refrão, mostrando a competência da banda em criar melodias memoráveis e um belo solo de Robin Lagerqvist.

"Wild Ones": Uma das favoritas da crítica, com um ritmo contagiante e uma melodia que fica a ressoar nos ouvidos, demonstrando a mestria da banda em harmonias vocais.

"Heartbreak City": O encerramento fornece uma nota final poderosa, um heavy rocker moderno com uma melodia mais sombria, que amarra o álbum na perfeição.


Veredicto

Casino é um álbum que prova que a fórmula do Hard Rock Melódico não precisa de ser reinventada para ser excelente. Os Andy And The Rockets pegam na fórmula clássica e injetam-lhe uma vitalidade, sinceridade e produção contemporânea de classe mundial.

Para os fãs de Eclipse, H.E.A.T., Treat e qualquer pessoa que aprecie um rock com grandes riffs, solos "quentes" e refrões feitos para serem gritados, este álbum é uma audição obrigatória. É um trabalho confiante, cativante e genuinamente revigorante.


Nota: 8.5/10 (Melodic Rock feito na perfeição. Um clássico instantâneo do género.)

Atomic Rooster - Circle The Sun (2025) UK

Circle The Sun, lançado a 10 de outubro de 2025 pela Esoteric Antenna, marca o primeiro álbum de estúdio completo dos Atomic Rooster em mais de quatro décadas. Embora a formação original (centrada no falecido génio do teclado Vincent Crane) tenha desaparecido, a banda ressurgiu sob a liderança do guitarrista Steve “Boltz” Bolton (veterano da era Made in England da banda) e do cantor/tecladista Adrian Gautrey. O desafio é enorme: honrar um legado de proto-metal sombrio e prog-rock excêntrico, sem Vincent Crane.

O Som: Órgão Hammond Sombrio e Riffs Poderosos

A banda de Boltz (com Shugg Millidge no baixo e Paul Everett na bateria) consegue, notavelmente, replicar a atmosfera central que definiu os Atomic Rooster do início dos anos 70. O álbum mergulha profundamente no Heavy Rock/Progressivo da velha guarda, fortemente impulsionado pelo Órgão Hammond e por riffs blues-infundidos e ásperos.

O som é denso, gótico e cinematográfico, evocando o espírito dos seus primeiros três álbuns, em particular a obra-prima Death Walks Behind You (1970).

O Hammond de Gautrey: Adrian Gautrey assume a difícil tarefa de canalizar Vincent Crane. Ele faz isso com reverência e flair, fornecendo as linhas hipnóticas de teclado e os lamentos assombrados de órgão que são a marca registada da banda.

O Riffing de Boltz: Steve Bolton fornece os riffs vigorosos e hard rock que ligam esta encarnação à sua própria história na banda, mantendo a sonoridade musculada e coesa.

Destaques das Faixas

O álbum de 10 faixas (com cerca de 37 minutos) é compacto e energético, evitando os longos noodlings progressivos, mas mantendo a complexidade rítmica e a dinâmica da banda.

"Fly Or Die" (e "Circle The Sun"): A dupla de abertura estabelece o tom: Heavy Psych, cheio de energia e linhas de teclado esplêndidas, confirmando que a chama do Rooster ainda arde.

"Rebel Devil": Um destaque imediato de Hard Rock cativante, comparado ao descendente direto de clássicos como "The Devil's Answer".

"Never 2 Lose": Uma faixa que remete ao lado mais soulful e hard rock da banda, lembrando o período de Made In England (1972).

"Blow That Mind": A faixa de encerramento é um turbilhão psicadélico e progressivo, atuando como um belo cruzamento entre clássicos como "VUG" e "Gershatzer", fechando o álbum com um toque old-school.


O Legado e a Crítica

A grande questão de Circle The Sun é o uso do nome Atomic Rooster sem o seu fundador, Vincent Crane (falecido em 1989). Embora esta questão gere ceticismo e debate entre os puristas, o álbum consegue oferecer uma experiência musical de Atomic Rooster. A banda não está a tentar ser um cover band; estão a continuar o legado com uma energia renovada e riffs originais.

O principal ponto de crítica é que o álbum, por vezes, depende um pouco da nostalgia para funcionar. No entanto, o entusiasmo e a química do novo alinhamento, que soa como uma banda que gravou as músicas ao vivo e com feeling, são inegáveis.

Veredicto

Circle The Sun é um esforço sólido e um regresso inesperadamente forte dos Atomic Rooster. Não é desprovido de falhas – o elemento "novo" por vezes é dominado pela reverência ao passado – mas para os fãs de órgão Hammond pesado, Heavy Rock e Progressive Rock dos anos 70, este álbum é obrigatório. Capta a essência sombria e proto-metal do seu trabalho seminal e prova que a bandeira do Rooster continua a voar alto, mais de 40 anos depois.

Nota: 8/10 (Um regresso surpreendente e de alta qualidade).


amazon  Atomic Rooster - Circle The Sun 

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Blaze - Out Through The Door (2025) Japão

Out Through The Door é o muito aguardado segundo álbum de estúdio da banda japonesa de Heavy Metal/Hard Rock, Blaze. Formada em Osaka em 1998, a banda, liderada pelo guitarrista Hisashi Suzuki, manteve-se fiel à sua sonoridade old-school durante duas décadas, e este novo trabalho (lançado a 24 de outubro de 2025 pela No Remorse Records) é um triunfante regresso.

Heavy Metal Autêntico dos Anos 70/80

O álbum de 10 faixas (aproximadamente 45 minutos) é uma cápsula do tempo sonora, capturando a essência do Heavy Metal Clássico e do Hard Rock dos anos 70 e 80. Blaze faz pouco ou nenhum esforço para modernizar o seu som, abraçando as influências de gigantes do género:

Influências Claras: O som é frequentemente comparado a bandas como Scorpions (era setentista), Rainbow, Saxon, Michael Schenker e, especialmente, a bandas suecas de culto como Heavy Load.

A produção do álbum é orgânica e direta, evitando o polimento excessivo e realçando a energia e a garra da banda. Este é um som honesto, sem artifícios, que agrada imensamente aos fãs da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) e do Hard Rock underground japonês.

Destaques e Atitude Rock 'n' Roll

A formação Wataru Shiota (voz), Hisashi Suzuki (guitarras), Fumihiko Kimura (baixo) e Takashi Funabiki (bateria) — exibe uma coesão notável, fruto de anos a refinar a sua identidade.

"Let The Right One In": Uma faixa de andamento rápido e cativante que serve como uma excelente introdução ao álbum. Apresenta um groove Hard Rock, sólidas harmonias de guitarra e uma secção de baixo proeminente, confirmando a admiração da banda por um som heavy e rítmico.

"The Man In White Boots": Mais pesada e com um ritmo intenso, a faixa cria uma sensação de cautela e perigo, o que, musicalmente, a torna um destaque recomendado.

"Picture On The Wall" e "Fort Of Sand": Com durações mais longas, estas faixas demonstram a capacidade da banda em construir narrativas épicas e desenvolver a progressão musical, algo crucial no Heavy Metal Clássico.

"Rock 'n Roll Man": Um hino Hard Rock direto que celebra o estilo de vida e a atitude do género.


O vocalista Wataru Shiota entrega uma performance expressiva e cheia de alma, enquanto Hisashi Suzuki se destaca com riffs poderosos e solos melódicos que, embora não sendo excessivamente técnicos, servem as canções na perfeição.

Veredicto

Out Through The Door não tem a intenção de reescrever o livro do Heavy Metal, mas sim de honrar as suas páginas mais gloriosas. Blaze entrega Hard Rock e Heavy Metal tradicional, vigoroso e autêntico com uma precisão tipicamente japonesa e um feeling rock 'n' roll.

É um álbum essencial para os fãs de longa data da banda e para qualquer um que procure um Heavy Metal puro, nostálgico e sem pretensões, com a energia e a urgência do som old-school. Este é o regresso triunfante que os Blaze mereciam.

Nota: 7.5/10


Qual é a sua faixa favorita do álbum, ou que tipo de tema histórico acha que a banda aborda em "1335"?

amazon   Blaze - Out Through The Door 

Nils Patrik Johansson - War And Peace (2025) Suécia

War And Peace é o terceiro álbum a solo do vocalista sueco Nils Patrik Johansson (NPJ), uma figura incontornável do Heavy Metal, conhecido pelo seu trabalho em bandas como Astral Doors, Lion's Share, Civil War e Wuthering Heights. Lançado a 10 de outubro de 2025 pela Metalville, este álbum destina-se a "amantes de Heavy Metal e nerds de História", explorando momentos políticos, mitológicos e conflitos mundiais.

A Voz Baritonal e a História

Nils Patrik Johansson é o principal motor criativo, e a sua voz rouca, poderosa e profundamente baritonal é a âncora de todo o álbum. NPJ tem um timbre que evoca lendas do Rock Clássico (como Ronnie James Dio) misturado com uma entrega mais áspera e heavy.

O aspeto mais interessante do álbum é o conceito lírico. Cada canção é como uma aventura em si, transportando o ouvinte para diferentes épocas e locais, desde as alturas do Himalaia até eventos mais sombrios da história europeia:

"Gustav Vasa": O vocalista finalmente entrega a canção que os fãs esperavam sobre o famoso rei sueco (Gustavo I), numa celebração do Power/Heavy Metal de raiz.

"Barbarossa": Uma incursão na história militar.

"The Great Wall of China": Expande o alcance temático do álbum para além do contexto ocidental.

"Two Shots in Sarajevo": Uma referência clara ao evento que despoletou a Primeira Guerra Mundial, adicionando um peso dramático.


Power Metal com Toques Melódicos

O álbum é produzido e conta com o trabalho de guitarra e baixo de Lars Chriss (seu colega de Lion's Share), que consegue capturar o som clássico do Heavy Metal enquanto o mantém moderno e robusto.

A sonoridade de War And Peace é Heavy/Power Metal direto, com um forte sabor melódico. O álbum é construído sobre riffs sólidos e envolventes, mas o seu objetivo principal parece ser a entrega do drama e do pathos das letras.

Estrutura da Banda: A banda de apoio, que inclui o seu filho Fredrik Johansson na bateria (uma performance elogiada) e Anuviel nos teclados (com arranjos de alta qualidade), proporciona uma base competente.

Os Arranjos: Os arranjos de teclado, em particular, adicionam a teatralidade e a ambiência necessárias para um álbum de natureza épica e histórica.

O Que Falta?

Apesar da excelência vocal e da riqueza temática, a receção crítica ao álbum sugere uma pequena falha:

Falta de Ganchos (Hooks): Segundo alguns críticos, embora a performance de Schenker seja thunderous e cheia de pathos e teatralidade, o álbum, por vezes, carece de refrões e hooks verdadeiramente memoráveis que o elevem. Em comparação com o seu trabalho em Civil War ou Astral Doors, alguns temas podem sentir-se mais focados em servir o panorama histórico do que em criar um hit instantâneo.

No entanto, para o fã de Heavy Metal que valoriza uma boa história e uma voz de alta qualidade, a experiência é uma "aventura em si".

Veredicto

Nils Patrik Johansson entrega com War And Peace um álbum que é a cara do seu trabalho: Heavy Metal tradicional sueco, com uma produção poderosa e temas épicos. A sua voz continua a ser um trunfo inestimável no género. Embora não seja o álbum mais catchy da sua carreira, é uma audição digna, particularmente recomendado para aqueles que apreciam o cruzamento entre Metal e História. É um álbum de metal teatral, bombástico e com alma.

Nota: 7/10 

(Um álbum sólido, mas que poderia beneficiar de mais faixas "hino").

Gostaria de explorar mais a fundo uma das canções com tema histórico, como "Gustav Vasa" ou "Two Shots in Sarajevo"?

amazon   Nils Patrik Johansson - War And Peace 

sábado, 4 de outubro de 2025

Michael Schenker Group - Don’t Sell Your Soul (2025) Alemanha

Don’t Sell Your Soul é o mais recente álbum de estúdio do Michael Schenker Group (MSG) e representa a segunda parte de uma trilogia de álbuns inspirada que se iniciou com o tributo de 2024, My Years With UFO. O álbum, lançado a 3 de outubro de 2025, solidifica a posição de Schenker como um dos guitarristas mais influentes e duradouros do Hard Rock e Heavy Metal.

O Poder da Nova Voz

O elemento central deste álbum, a par dos riffs e solos de Michael Schenker, é a presença do vocalista sueco Erik Grönwall (ex-H.E.A.T., ex-Skid Row). Grönwall, considerado por muitos uma das melhores vozes de rock da sua geração, assume a maioria dos temas e empresta à MSG uma potência e um alcance vocal que se encaixa perfeitamente na estrutura clássica da banda. O seu desempenho é, sem dúvida, um dos pontos altos do álbum.

A formação principal é completada por aliados de longa data de Schenker: Bodo Schopf (bateria), Barend Courbois (baixo) e Steve Mann (guitarra e teclados). O álbum também conta com aparições vocais de convidados de peso, como Robin McAuley, Michael Voss (que também co-produz o álbum) e Dimitri “Lia” Liapakis.

Clássico, Mas com Fogo Renovado

Don’t Sell Your Soul oferece aos fãs exatamente o que esperam do MSG: Hard Rock melódico e musculado, com Schenker a "deixar rasgar" na guitarra em praticamente todas as faixas. Embora as novas composições inevitavelmente convidem comparações com o material clássico de UFO, a coleção de 11 faixas consegue manter uma identidade forte e atemporal.

A Guitarra de Assinatura: Schenker demonstra a sua mestria lendária. Os seus solos são tipicamente curtos, mas incrivelmente precisos e on point, provando que a sua criatividade e distinção nos riffs não diminuíram com a idade. O álbum é um veículo para a alta arte da guitarra de Schenker.

A Tradição do Rock: Muitos temas remetem para os melhores dias de MSG e de bandas como Rainbow (era Dio/Bonnet). A escrita musical é focada nas canções em primeiro lugar, em vez de serem meras montras para o virtuosismo de Schenker.

Destaques das Faixas

"Don't Sell Your Soul": A faixa-título é um rocker poderoso, cheio de energia, que irrompe das colunas com um riff Schenkeriano tipicamente propulsivo. A sua sabedoria lírica pode ser simples ("Don’t sell your soul… can’t have it all"), mas a melodia é instantaneamente cativante.

"Eye Of The Storm": Apresenta uma bateria forte e um ritmo que lembra temas antigos de MSG. É uma faixa complexa, mas fácil de ouvir, com Grönwall a mostrar uma excelente amplitude vocal.

"I Can't Stand Waiting": Um pop-rocker infecioso e forte que faria sucesso nos programas de música rock dos anos 80, levantado pelo seu solo de guitarra e melodia memorável.

"Sixstring Shotgun": Um destaque, com os vocais poderosos de Robin McAuley (ex-McAuley Schenker Group). É uma faixa melodicamente forte, que utiliza contrastes rítmicos para construir um coro imponente.

"Surrender": Uma das faixas finais, apresenta um ritmo de bateria em double bass que remete para algo mais agressivo, como Motörhead, embora com uma abordagem vocal mais contida e um groove Hard Rock que fecha o disco em alta.

Veredicto

"Don’t Sell Your Soul" é um álbum sólido e coeso de Hard Rock, cheio de ideias boas e executado com perícia de primeira classe. Michael Schenker e a sua Group demonstram que, mesmo após décadas de carreira, ainda conseguem produzir material relevante e envolvente. A adição de Erik Grönwall é um upgrade inegável, injetando nova vida e poder à sonoridade clássica do MSG. É um álbum atemporal, no melhor sentido, que irá satisfazer tanto os fãs die-hard como os ouvintes que procuram Hard Rock melódico e bem escrito.

Nota: 8.0/10

Com este álbum a ser a segunda parte de uma trilogia, que era mais do seu agrado: o tributo My Years With UFO de 2024, ou estas novas composições em Don't Sell Your Soul?

amazon   Michael Schenker Group - Don't Sell Your Soul 

Dirkschneider & The Old Gang - Babylon (2025) Alemanha

Babylon é o álbum de estreia de Dirkschneider & The Old Gang (DATOG), um supergrupo alemão que nasceu originalmente como um projeto de caridade e que rapidamente se transformou numa banda completa. O grupo é liderado pela lenda do Heavy Metal, Udo Dirkschneider (Accept, U.D.O.), e inclui outros veteranos de renome, nomeadamente Peter Baltes (baixo), Stefan Kaufmann (guitarra) e o seu filho, Sven Dirkschneider (bateria). A surpresa e o grande trunfo da banda é a adição da vocalista Manuela "Ella" Bibert.

O álbum, lançado em 3 de outubro de 2025, é uma poderosa demonstração de Heavy Metal tradicional e melódico, carregado de riffs thunderous e uma produção moderna e robusta.

Uma Nova Dinâmica Vocal

O aspeto mais distintivo de Babylon é o seu conceito vocal único de três vozes. Enquanto Udo Dirkschneider mantém a sua inconfundível e estrondosa voz — a personificação do metal alemão para muitos — a presença de Ella Bibert e de Peter Baltes (baixo/vocal) adiciona uma nova dimensão.

O Contraste que Funciona: Ella Bibert traz uma voz limpa, poderosa e agradável que contrasta lindamente com o timbre áspero e vulcânico de Udo. Essa dualidade é explorada de forma brilhante em faixas como "Time To Listen" e na poderosa balada "Blindfold", onde Ella assume o domínio vocal, com Udo a aparecer apenas em backing vocals (o que, segundo os críticos, mostra a sabedoria do "Velho Lobo" em partilhar o palco).

O Fogo de Accept

Para os fãs de Accept, o som é imediatamente familiar e satisfatório. O álbum capta o fogo e o brilho dos dias de glória do Accept, mas com uma identidade renovada. Isto não é surpreendente, dado que a formação inclui grande parte da espinha dorsal dessa era.

Hinos de Metal Clássico: Faixas como "Babylon" (a faixa-título) e "Hellbreaker" são puras injeções de adrenalina, com riffs fortes e uma estrutura hínica que pede para ser cantada em estádios.

Potência e Experiência: A experiência da banda é palpável. O álbum oferece 12 faixas de Metal easy listening, direto e eficaz, que garante um sorriso no rosto. A seção rítmica é sólida, e o trabalho de guitarras, entregue por Kaufmann e Mathias "Don" Dieth, mantém os padrões de excelência do German Metal.

Destaques do Álbum 

"Babylon": Um hino épico que demonstra a mestria da banda em criar Heavy Metal tradicional.

"Blindfold": Uma balada emocional e surpreendente, onde o destaque total vai para a voz de Ella Bibert, um dos pontos altos de todo o disco.

"Batter The Power": Um retorno ao Traditional Heavy Metal de Udo, uma faixa que fará os fãs de Accept sentirem-se em casa.

"Beyond The End Of Time": Uma conclusão mais longa e ambiciosa que amarra as pontas soltas do álbum com mestria.

Veredicto

"Babylon" é muito mais do que uma mera curiosidade ou um projeto de veteranos. É um álbum fantástico que exala a alegria e a energia da sua criação colaborativa. A fusão das décadas de experiência com a juventude e o toque fresco de Manuela Bibert resultou num disco de Heavy Metal melódico, coeso e extremamente divertido.

É um registo que prova que estes "Deuses Anciões do Metal" têm ainda muito para dar.

Nota: 8.5/10

Se tivesse de escolher, prefere os temas mais diretos ao estilo Udo/Accept (como "Batter The Power") ou as faixas que exploram mais a dinâmica vocal com Ella Bibert (como "Blindfold")?

amazon  Dirkschneider& The Old Gang - Babylon