sábado, 4 de outubro de 2025

Michael Schenker Group - Don’t Sell Your Soul (2025) Alemanha

Don’t Sell Your Soul é o mais recente álbum de estúdio do Michael Schenker Group (MSG) e representa a segunda parte de uma trilogia de álbuns inspirada que se iniciou com o tributo de 2024, My Years With UFO. O álbum, lançado a 3 de outubro de 2025, solidifica a posição de Schenker como um dos guitarristas mais influentes e duradouros do Hard Rock e Heavy Metal.

O Poder da Nova Voz

O elemento central deste álbum, a par dos riffs e solos de Michael Schenker, é a presença do vocalista sueco Erik Grönwall (ex-H.E.A.T., ex-Skid Row). Grönwall, considerado por muitos uma das melhores vozes de rock da sua geração, assume a maioria dos temas e empresta à MSG uma potência e um alcance vocal que se encaixa perfeitamente na estrutura clássica da banda. O seu desempenho é, sem dúvida, um dos pontos altos do álbum.

A formação principal é completada por aliados de longa data de Schenker: Bodo Schopf (bateria), Barend Courbois (baixo) e Steve Mann (guitarra e teclados). O álbum também conta com aparições vocais de convidados de peso, como Robin McAuley, Michael Voss (que também co-produz o álbum) e Dimitri “Lia” Liapakis.

Clássico, Mas com Fogo Renovado

Don’t Sell Your Soul oferece aos fãs exatamente o que esperam do MSG: Hard Rock melódico e musculado, com Schenker a "deixar rasgar" na guitarra em praticamente todas as faixas. Embora as novas composições inevitavelmente convidem comparações com o material clássico de UFO, a coleção de 11 faixas consegue manter uma identidade forte e atemporal.

A Guitarra de Assinatura: Schenker demonstra a sua mestria lendária. Os seus solos são tipicamente curtos, mas incrivelmente precisos e on point, provando que a sua criatividade e distinção nos riffs não diminuíram com a idade. O álbum é um veículo para a alta arte da guitarra de Schenker.

A Tradição do Rock: Muitos temas remetem para os melhores dias de MSG e de bandas como Rainbow (era Dio/Bonnet). A escrita musical é focada nas canções em primeiro lugar, em vez de serem meras montras para o virtuosismo de Schenker.

Destaques das Faixas

"Don't Sell Your Soul": A faixa-título é um rocker poderoso, cheio de energia, que irrompe das colunas com um riff Schenkeriano tipicamente propulsivo. A sua sabedoria lírica pode ser simples ("Don’t sell your soul… can’t have it all"), mas a melodia é instantaneamente cativante.

"Eye Of The Storm": Apresenta uma bateria forte e um ritmo que lembra temas antigos de MSG. É uma faixa complexa, mas fácil de ouvir, com Grönwall a mostrar uma excelente amplitude vocal.

"I Can't Stand Waiting": Um pop-rocker infecioso e forte que faria sucesso nos programas de música rock dos anos 80, levantado pelo seu solo de guitarra e melodia memorável.

"Sixstring Shotgun": Um destaque, com os vocais poderosos de Robin McAuley (ex-McAuley Schenker Group). É uma faixa melodicamente forte, que utiliza contrastes rítmicos para construir um coro imponente.

"Surrender": Uma das faixas finais, apresenta um ritmo de bateria em double bass que remete para algo mais agressivo, como Motörhead, embora com uma abordagem vocal mais contida e um groove Hard Rock que fecha o disco em alta.

Veredicto

"Don’t Sell Your Soul" é um álbum sólido e coeso de Hard Rock, cheio de ideias boas e executado com perícia de primeira classe. Michael Schenker e a sua Group demonstram que, mesmo após décadas de carreira, ainda conseguem produzir material relevante e envolvente. A adição de Erik Grönwall é um upgrade inegável, injetando nova vida e poder à sonoridade clássica do MSG. É um álbum atemporal, no melhor sentido, que irá satisfazer tanto os fãs die-hard como os ouvintes que procuram Hard Rock melódico e bem escrito.

Nota: 8.0/10

Com este álbum a ser a segunda parte de uma trilogia, que era mais do seu agrado: o tributo My Years With UFO de 2024, ou estas novas composições em Don't Sell Your Soul?

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Dirkschneider & The Old Gang - Babylon (2025) Alemanha

Babylon é o álbum de estreia de Dirkschneider & The Old Gang (DATOG), um supergrupo alemão que nasceu originalmente como um projeto de caridade e que rapidamente se transformou numa banda completa. O grupo é liderado pela lenda do Heavy Metal, Udo Dirkschneider (Accept, U.D.O.), e inclui outros veteranos de renome, nomeadamente Peter Baltes (baixo), Stefan Kaufmann (guitarra) e o seu filho, Sven Dirkschneider (bateria). A surpresa e o grande trunfo da banda é a adição da vocalista Manuela "Ella" Bibert.

O álbum, lançado em 3 de outubro de 2025, é uma poderosa demonstração de Heavy Metal tradicional e melódico, carregado de riffs thunderous e uma produção moderna e robusta.

Uma Nova Dinâmica Vocal

O aspeto mais distintivo de Babylon é o seu conceito vocal único de três vozes. Enquanto Udo Dirkschneider mantém a sua inconfundível e estrondosa voz — a personificação do metal alemão para muitos — a presença de Ella Bibert e de Peter Baltes (baixo/vocal) adiciona uma nova dimensão.

O Contraste que Funciona: Ella Bibert traz uma voz limpa, poderosa e agradável que contrasta lindamente com o timbre áspero e vulcânico de Udo. Essa dualidade é explorada de forma brilhante em faixas como "Time To Listen" e na poderosa balada "Blindfold", onde Ella assume o domínio vocal, com Udo a aparecer apenas em backing vocals (o que, segundo os críticos, mostra a sabedoria do "Velho Lobo" em partilhar o palco).

O Fogo de Accept

Para os fãs de Accept, o som é imediatamente familiar e satisfatório. O álbum capta o fogo e o brilho dos dias de glória do Accept, mas com uma identidade renovada. Isto não é surpreendente, dado que a formação inclui grande parte da espinha dorsal dessa era.

Hinos de Metal Clássico: Faixas como "Babylon" (a faixa-título) e "Hellbreaker" são puras injeções de adrenalina, com riffs fortes e uma estrutura hínica que pede para ser cantada em estádios.

Potência e Experiência: A experiência da banda é palpável. O álbum oferece 12 faixas de Metal easy listening, direto e eficaz, que garante um sorriso no rosto. A seção rítmica é sólida, e o trabalho de guitarras, entregue por Kaufmann e Mathias "Don" Dieth, mantém os padrões de excelência do German Metal.

Destaques do Álbum 

"Babylon": Um hino épico que demonstra a mestria da banda em criar Heavy Metal tradicional.

"Blindfold": Uma balada emocional e surpreendente, onde o destaque total vai para a voz de Ella Bibert, um dos pontos altos de todo o disco.

"Batter The Power": Um retorno ao Traditional Heavy Metal de Udo, uma faixa que fará os fãs de Accept sentirem-se em casa.

"Beyond The End Of Time": Uma conclusão mais longa e ambiciosa que amarra as pontas soltas do álbum com mestria.

Veredicto

"Babylon" é muito mais do que uma mera curiosidade ou um projeto de veteranos. É um álbum fantástico que exala a alegria e a energia da sua criação colaborativa. A fusão das décadas de experiência com a juventude e o toque fresco de Manuela Bibert resultou num disco de Heavy Metal melódico, coeso e extremamente divertido.

É um registo que prova que estes "Deuses Anciões do Metal" têm ainda muito para dar.

Nota: 8.5/10

Se tivesse de escolher, prefere os temas mais diretos ao estilo Udo/Accept (como "Batter The Power") ou as faixas que exploram mais a dinâmica vocal com Ella Bibert (como "Blindfold")?

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