sábado, 6 de dezembro de 2025

Peter Goalby - Don't Think This Is Over (2025) UK

Don't Think This Is Over não é apenas o terceiro lançamento a solo de Peter Goalby (ex-Uriah Heep, Trapeze) após a sua reforma; é um verdadeiro tesouro de canções perdidas. O álbum é o resultado da descoberta de nove demos gravadas no final dos anos 80, que se pensavam perdidas há décadas, e que foram transformadas num álbum de estúdio devidamente produzido em 2025.

A História da Descoberta e a Produção

O álbum baseia-se em demos gravadas em 1987, logo após Goalby ter deixado os Uriah Heep. O cantor pensou que as fitas master tinham sido perdidas, carregando silenciosamente a desilusão de que a música onde tinha colocado "o coração e a alma" se tinha ido para sempre.

A descoberta de uma cassete DAT mal rotulada mais de 30 anos depois levou a uma colaboração de produção notável:

  • Paul Hodson (teclados, programação) e Eddy Morton (solos de guitarra) adicionaram overdubs para transformar as demos em faixas com produção total.

  • Mick Box (antigo colega de banda e guitarrista dos Uriah Heep) adicionou um solo brilhante numa faixa.

  • John Sinclair (outro ex-colega dos Heep) esteve envolvido num novo arranjo.

O Som: AOR Melódico e Hinos dos Anos 80

O álbum é elogiado por ser ainda mais impressionante do que os dois lançamentos a solo anteriores de Goalby (Easy With The Heartaches e I Will Come Runnin’), estando recheado de melodias, hooks e os vocais apaixonados característicos de Peter.

  • Especialidade de Goalby: Goalby sempre teve a especialidade de escrever coros facilmente likable e memoráveis, e este álbum demonstra essa habilidade no auge do Hard Rock Melódico (AOR) dos anos 80.

  • Potencial de Hits: Muitas das canções são consideradas potenciais hits que poderiam ter sido grandes sucessos para inúmeros artistas nos anos 80 e 90, confirmando a intenção original de Goalby de se estabelecer como um compositor.

Destaques das Faixas

O álbum oferece uma grande mistura de diferentes tipos de canções:

  • "I’ll Be The One": A faixa de abertura, um corte AOR otimista e fácil de gostar.

  • "It’s Just My Heart Breaking" e "Heart What Heart": Mais exemplos de AOR melódico com hooks fortes.

  • "Another Paper Moon": Uma faixa única no catálogo de Goalby, que começa como uma balada de piano e se transforma num power ballad épico, destacando-se pelos sons de cordas e sintetizadores.

  • "The Sound Of A Nation": Uma canção rock mais hínica (anthemic), elevada pelo solo de guitarra brilhante de Mick Box, que lhe confere um toque de Uriah Heep.

  • "Show Some Emotion": Apontada como a favorita da crítica, é uma faixa comovente que começa suavemente e cresce progressivamente, destacando-se como uma das performances vocais mais marcantes de Peter.

  • "I Don’t Wanna Fight": A faixa de encerramento. Originalmente lançada como single em 1988, mas com uma produção considerada fraca na altura. Foi completamente refeita aqui, com um novo e vigoroso arranjo de teclados de John Sinclair, soando como uma música nova e cheia de vida.

O Veredito Final

Don’t Think This Is Over é uma vitória tripla para Peter Goalby e para os fãs de Hard Rock melódico clássico. O facto de estas canções terem sido resgatadas e produzidas com tanto cuidado e excelência é um presente. É um álbum cheio de paixão, refrões memoráveis e a qualidade vocal que fez de Goalby uma lenda. O crítico sugere que este álbum supera os seus antecessores e é um encerramento inesperado, mas perfeito, para o seu trabalho a solo.

Recomendado para: Fãs de Hard Rock Melódico (AOR), Uriah Heep (era Goalby), e melómanos que procuram canções fortes e hinos de rock dos anos 80.


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Black Dog Moon - Hell And Back (2025) Irlanda

Hell And Back, lançado em novembro de 2025, é o segundo álbum de estúdio da banda de Hard Rock irlandesa Black Dog Moon. Em menos de 18 meses após a sua estreia, a banda de Waterford retorna com um disco que demonstra confiança, diversidade e uma execução Blues Rock impecável, provando que não há "maldição do segundo álbum" a ser encontrada aqui.

O Som: Hard Rock Clássico com Alma Blues

Os Black Dog Moon (liderados por Conal Montgomery) estabeleceram um som que bebe profundamente nas fontes do Blues Rock e do Hard Rock Clássico dos anos 70 e 80, mas aplicam-lhe um toque contemporâneo.

  • Dual Guitars e Groove: O som do álbum é dominado pela interação das guitarras duplas de Daniel Martin e Dylan Kelly, que entregam riffs e solos poderosos e melódicos. Complementados pela bateria trovejante de Steve Glackin e o baixo forte de Nicky Brown, o álbum possui um groove implacável, essencial para o género.

  • Produção de Classe: A produção de Steve Fearnley equilibra um som moderno e encorpado com uma atmosfera que remete para os clubes enfumaçados de Blues e o som Classic Rock dos anos 80, conferindo ao disco uma autenticidade inegável.

  • Voz Inimitável: A voz distinta de Conal Montgomery é o veículo narrativo perfeito, transmitindo a intensidade e a alma necessária para contar as histórias por trás de cada faixa.

Análise das Faixas: Uma Viagem Pelo Extremo

O álbum de 11 faixas é exaustivo na sua exploração de ideias, alternando entre baladas de Blues lentas e ataques diretos de Hard Rock.

O álbum não começa com um estrondo previsível, mas sim com o bluesy slow-burner "The Prophecy", uma introdução emocional "depois da meia-noite" que aborda temas de fé cega e fim do mundo. É uma escolha de abertura poderosa pela sua intensidade emocional.

A energia explode com o single principal "Neon Queen", que é um assalto implacável de guitarras crunchy e bateria forte, onde as guitarras duplas se revezam em riffs contagiantes. Segue-se "1985", um aceno nostálgico ao Hair Rock e à moda da década de 80, com uma melodia viciante, descrita como "Summer of '69, mas escrita pelos Thin Lizzy". O seu primo mais pesado e suado, "Heavy Shot of Love", completa o trio de hinos de Rock and Roll direto.

O disco demonstra profundidade com faixas mais sombrias e narrativas:

  • "The Ghostly Old Scots Pine" é um conto comovente sobre as lutas de saúde mental de um amigo, que cresce de uma introdução acústica calma para um turbilhão de guitarras selvagens.

  • "Holy War", o focus track, carrega uma abordagem mais pesada e com toques de Metal ao estilo dos Sabbath ou Maiden, usando o peso musical para expressar a frustração com os conflitos religiosos globais.

  • A faixa-título "Hell and Back" é um ripping e acelerado ataque de Rock and Roll que, apesar de ter sido adicionada de forma espontânea no final da produção, é o epítome da atitude e da execução da banda.

O álbum termina em grande estilo com "Black Hearts and Diamonds", que regressa às raízes do Blues Rock com passagens de call and response e solos longos ao estilo Jimmy Page, encerrando a história de dois amantes que sobrevivem na estrada.

O Veredito Final

Hell And Back é o som de uma banda confiante e à vontade na sua sonoridade. Os Black Dog Moon não se limitam ao seu nicho, explorando uma vasta paleta de sons — do Blues lento ao Metal rápido — sem perder a sua identidade. Com uma contribuição expandida para a escrita das canções, o álbum é mais rico e diversificado, cimentando o estatuto da banda no panorama do Rock and Roll. Este é o álbum perfeito para quem gosta do Rock feito com alma, garra e excelentes riffs de guitarra.

Recomendado para: Fãs de Hard Rock, Blues Rock e Southern Rock (nomeadamente Black Stone Cherry, Thin Lizzy e Black Crowes).

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